Eu não vou mentir e dizer que eu quero ser escritora desde pequena. Não, quando eu era pequena, ou melhor desde que eu me conheço por gente eu queria ser arqueóloga. Me jogar de peito na terra e desenterrar uma múmia com um pincel e uma pinça era tudo o que eu queria.
Mas quando você é criança você não está nem aí para sujar os joelhos da calça e ficar com um monte de terra e sujeita debaixo das unhas, e também não tem noção de que até se formar como arqueóloga e realmente se jogar de peito na terra você provavelmente vai morrer de fome.
Convenhamos arqueologia não é bem uma carreira rentável, ou você paga a viagem até os sítios arqueológicos ou paga o aluguel.
Eu demorei até os 15 anos para descobrir que arqueologia não dava muito certo. Decidi ficar só na leitura de revistas como National Geographic Brasil e comecei a procurar por outra possível carreira.
Pensei em mexer com computadores, mas logo desisti quando percebi que o povo que mexe com essas coisas geralmente é um bando de nerd punheteiro que faz piadas em códigos binários. Sem querer generalizar é claro, mas é como dizem, a primeira impressão é a que fica.
Depois pensei em oceanografia, porque eu realmente gosto de baleias, mas viver no mar é tão inviável quanto os sítios arqueológicos.
Aí fui em direção a minha segunda paixão: História. As opções de carreira na área são historiador e professor. Bem... historiadores também morrem de fome, praticamente junto com os arqueólogos. E os professores? Esses também morrem de fome, isso quando não são apedrejados pelos alunos.
A adolescencia acabou eu ainda não tinha me decidido. A vida real me atingiu como uma bola de demolição e eu comecei a trabalhar para ajudar em casa. É claro que na época a desculpa era que eu trabalhava para poder pagar meus estudos, mas depois de pagar as contas não sobrava nem para o cursinho pré vestibular.
Eu até que cheguei a prestar o vestibular no meu último ano de escola, história na Unicamp, eu paguei a inscrição já sabendo que não ia passar. Naquele ano minha família estava no auge do caos, meu pai no fundo do poço da depressão e vícios ilícitos e minha mãe com câncer. Basicamente aquele foi um ano de merda e eu acabei tendo uma bela crise de pânico na sala da prova do vestibular, sai correndo do prédio sem ter respondido nem 3 questões da prova.
De 2005 a 2009 eu fui pulando de um emprego a outro, foram 9 empregos.
Minha família começou a fazer pressão para que eu fizesse algo em relação ao meu futuro, uns disseram que estava acomodada em meu emprego de "assistir tv", minha mãe começou a me encher a paciência sobre os estudos também e teve uma ocasião onde minha tia avó, que não tem NADA haver com minha vida, veio querer saber se, ou quando, eu ia entrar na faculdade.
Minha família tem muita sorte que eu não sou dada a vícios como meu pai. Muita sorte mesmo.
Foi nessa época que eu entrei na etec de adm, era mais pra calar a boca de todo mundo, mas eu logo descobri que adm não é comigo. Ai entra meu tio, que ainda não tinha tido o filho dele, e o resto eu já contei em alguns posts aqui no blog.
Como eu disse anteriormente eu decidi não fazer mais nada pelos outros, principalmente meu tio, e ai veio a ideia de ser escritora.
Há uma grande possibilidade de eu morrer de fome, ou ter que trabalhar em algum call center para pagar o aluguel... Mas eu quero. É algo que quero fazer por mim. Algo que eu gosto.
Eu ainda tenho que procurar uma faculdade onde o curso de letras não seja meia boca mas ainda assim que a mensalidade caiba no meu bolso. Estudar um pouco e tentar não ter uma crise de pânico na hora da prova...
Enfim eu só preciso me mexer, não há nada que me impeça.
Se não der certo... Bem, eu não sei. É jogar e deixar os dados rolarem.
Ouvindo Muse - The Resistance (tudo haver...)
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